Seminário organizado pelo LabCidade e Instituto Pólis discute transformações impulsionadas por financeirização do mercado imobiliário, desafios e conflitos para a região
Encontro contrapõe falsas soluções para moradia à realidade sociocultural do centro de SP
12/06/2024
por
Daniel Santini

Desvios relacionados à política de regulação urbana e algumas das principais tendências atuais no setor da habitação foram discutidas e analisadas no Seminário Disputas e Resistências no Centro de São Paulo: Rupturas e Permanências, realizado em 4 e 5 de junho de 2024 no Instituto Pólis. O evento foi organizado pelo LabCidade e o Pólis, com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo, e reuniu pesquisadores e pesquisadoras, representantes de movimentos sociais e organizações da sociedade civil.

Do início ao fim, as demandas de movimentos sociais, tais quais reformas de edifícios ocupados ou políticas de reabilitação de cortiços, foram contrapostas a políticas e estratégias promovidas pelo Estado para oferecer soluções habitacionais financeirizadas via mercado. Durante todo o encontro, participantes ressaltaram o contraste entre a realidade sociocultural do centro e as soluções falsas lançadas para potencializar a rentabilidade de novos empreendimentos. Também foram apresentadas análises sobre violências e resistências resultantes de tal tensionamento e realizado um exercício de mapeamento coletivo, construído no decorrer dos debates.

O projeto do governo de São Paulo de transferência de sua sede para a região central também foi debatido. Metade dos órgãos que o governo anuncia que transferirá já estão na região, conforme artigo publicado no LabCidade. As mudanças em curso na região incluem ainda o avanço das assim chamadas Habitação de Interesse Social fakes, financiadas com recursos públicos mas não destinadas aos que necessitam de moradia, e estratégias de retrofit envolvendo fundos internacionais e plataformas gestoras de aluguel. A tendência de encolhimento dos apartamentos em uma nova onda de construções e investimentos imobiliários, muitas delas pensadas para atender plataformas de aluguel de curta temporada do tipo Airbnb, também foi analisada, bem como seus impactos na reconfiguração de algumas áreas.

As mudanças em curso na região incluem o avanço das assim chamadas Habitação de Interesse Social fakes, financiadas com recursos públicos mas não destinadas aos que necessitam de moradia , e estratégias de retrofit envolvendo fundos internacionais e plataformas gestoras de aluguel. A tendência de encolhimento dos apartamentos em uma nova onda de construções e investimentos imobiliários, muitas delas pensadas para atender plataformas de aluguel de curta temporada do tipo Airbnb, também foi analisada, bem como seus impactos na reconfiguração de algumas áreas do Centro.

As apresentações lembraram que a “produção de Habitação de Interesse Social (HIS)” na verdade é uma cortina de fumaça para justificar aportes de recursos públicos, planos e instrumentos de regulação urbanística que abrem espaço para o complexo imobiliário financeiro.

Acesse as apresentações: Novas fronteiras da financeirização: retrofit e aluguel no centro de São Paulo, Fake Habitação de Interesse Social: como falsa solução para centro de SP e Modelos de aluguel no centro de São Paulo

O encontro contou com a participação de representantes de movimentos de moradia (como União das Lutas dos Cortiços e Moradia, União dos Movimentos de Moradia e Movimento de Moradia e Luta por Justiça) e organizações que atuam na área, tais como Articulação Estação Saracura Vai-Vai BrCidades, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Comitê Pop Rua, Fundo Fica e Teat(r)o Oficina. Estiveram presentes pesquisadores e pesquisadores da FGV, PUC-Campinas, UFABC, UFRJ, UNESP e USP. Confira abaixo a programação completa: