Os participantes analisaram como a cooperação alemã tem influenciado a agenda climática brasileira e a implementação de mecanismos de mercado de carbono
A cooperação alemã e o mercado de carbono no Brasil em debate durante a COP30
15/11/2025
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Belém (PA) — A Fundação Rosa Luxemburgo realizou, nesta quarta-feira (12), às 10h, a conversa “A cooperação alemã e o mercado de carbono no Brasil”, na Sala Rosa — sala 109 do Prédio Espaço de Ensino Mirante do Rio, na Universidade Federal do Pará (UFPA), durante a Cúpula dos Povos e a COP30.

O encontro reuniu Thomas Fatheuer, pesquisador e especialista em cooperação internacional; Andreas Behn, diretor da Fundação Rosa Luxemburgo no Brasil e Paraguai; e Elisangela Soldateli Paim, coordenadora do Programa Latino-Americano de Clima e Energia da Fundação. A produção é de Katarine Flor.

Debate crítico sobre mercado de carbono e certificadoras

Durante a conversa, os participantes analisaram como a cooperação alemã tem influenciado a agenda climática brasileira e a implementação de mecanismos de mercado de carbono, como o REDD+ e o mercado voluntário de compensações por CO₂.

Eles apontaram que, apesar da expansão global desses instrumentos, os impactos mais severos recaem sobre territórios do Sul Global, onde comunidades tradicionais enfrentam processos de expropriação, manipulação contratual e fragmentação social em função de projetos de carbono que não reduzem emissões de forma comprovada.

Também foi discutido o anúncio recente da criação de uma certificadora brasileira — articulada entre BNDES, Bradesco e o fundo Ecogreen — e seus possíveis efeitos dentro do cenário internacional de regulação. Pesquisadores alertaram que certificadoras nacionais, assim como as internacionais, precisam de escrutínio público, especialmente diante das denúncias de violações de direitos em projetos de compensação.

Transição energética e papel da Alemanha

Os convidados analisaram o papel da cooperação alemã — especialmente via GIZ — na formulação do marco regulatório da transição energética no Brasil, incluindo a agenda do hidrogênio verde. Ressaltaram que, embora o país possua uma matriz elétrica majoritariamente renovável, os megaempreendimentos eólicos e solares têm reproduzido padrões de violência territorial, especulação e impactos sobre a saúde e a autonomia das comunidades.

Exemplos citados incluíram o avanço de parques eólicos no Nordeste e investimentos associados à demanda global por minerais críticos, como o níquel na Indonésia, revelando contradições entre o discurso climático e práticas que aprofundam o colonialismo verde.

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