A transição energética no Nordeste brasileiro tem sido apresentada como símbolo de modernização e sustentabilidade, mas seus efeitos concretos nos territórios revelam uma realidade complexa. Nessa conversa, Soraya Tupinambá, pesquisadora da Fiocruz Ceará, nos ajuda a compreender as contradições entre o discurso de energia limpa e as práticas que produzem novas formas de desigualdade e violação de direitos.
O diálogo propõe refletir sobre o papel da lei e da política pública na proteção dos territórios frente à corrida por energias renováveis, discutindo como garantir que o enfrentamento à crise climática não reproduza desigualdades históricas e coloniais.
A pesquisadora aprofunda essa análise sob a ótica da ecologia política e da justiça climática, questionando a narrativa de “transição energética” como uma solução neutra. Ela aponta que, sob a lógica atual, o Nordeste tem se tornado o território sacrificado da chamada “transação energética”, onde o capital verde avança sobre terras, mares e corpos de comunidades tradicionais — especialmente povos do mar, quilombolas e pescadores artesanais.



