Após visita ao Brasil, o filósofo italiano marxista analisa a crise constitucional, faz críticas ao partido e aponta a mobilização a partir de movimentos autônomos como caminho para a esquerda
Por Toni Negri
Como pensador, Negri tem apresentado novas interpretações sobre as atuais configurações de poder e estrutura das sociedades. Aos 83 anos, tornou-se referencia para análises de fenômenos bastante atuais, que vão da ascensão de um novo tipo de direita, mais agressiva e sofisticada, às mobilizações catárticas de resistência, tais como o movimento Occupy, nos Estados Unidos, os levantes da Primavera Árabe ou mesmo as mobilizações de junho de 2013 no Brasil. Entre as ideias que defende está a de que as formas tradicionais de organização política, como partidos e sindicatos, perderam importância em um cenário complexo marcado por alterações estruturais na produção e divisão de trabalho nas metrópoles. É nas ruas que surge a resistência mais ativa às novas ofensivas capitalistas de privatização de bens comuns, corpos, afetividades. Entender como se dá o fenômeno e saber lidar com a diversidade das multidões e suas demandas é fundamental para enfrentar a onda conservadora que assola o planeta e reorganizar a resistência em favor de uma sociedade mais democrática e justa. É a partir desse prisma que Negri faz sua leitura sobre a crise institucional que se abateu sobre o Brasil. Ele esteve em São Paulo em outubro de 2016 a convite da editora Autonomia Literária e da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, e teve oportunidade de conhecer e conversar com integrantes de diferentes correntes do PT e de movimentos sociais, além de acadêmicos, estudantes e ativistas. Neste artigo, compartilha suas dúvidas e conclusões após a visita.
Para onde vai o PT?
Ponto de Debate n. 10, Janeiro de 2017 – 12 paginas
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Autor: Antonio NegriISSN 2447-3553
Ponto de debate é uma publicação editada pela Fundação Rosa Luxemburgo como apoio de fundos do Ministério Federal para a Cooperação econômica da Alemanha (BMZ). Abre espaço para o debate de temas sob a diretriz Bem Viver no Brasil e no Cone Sul: Direitos humanos e da natureza na perspectiva de transformação, justiça social e justiça ambiental.