A Fundação Rosa Luxemburgo e o Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu promovem, em 12 de setembro, às 18h30, na Funarte, em São Paulo, o lançamento da publicação Mãe da Liberdade: A trajetória da Ialorixá Hilda Jitolu, matriarca do Ilê Aiyê. A obra narra a vida da líder religiosa que não apenas fundou um dos mais renomados terreiros de candomblé na Bahia, o Acé Jitolu, como também contribuiu para a fundação do primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê, e foi uma grande incentivadora da educação do povo negro e periférico.
“Em 1988, quando uma educação afrocentrada ou antirracista ainda não estava no imaginário brasileiro, uma mulher preta que nunca frequentou a escola abriu sua casa, em Salvador (BA) para educar crianças e adolescentes gratuitamente”, escreveu a jornalista e escritora Bianca Santana em sua coluna no jornal A Folha de SP, em julho.
A publicação é resultado de uma pesquisa conduzida entre 2012 e 2014 como parte do mestrado em Estudos Étnicos e Africanos da jornalista Valéria Lima, neta da Ialorixá e diretora-executiva do Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu. O evento contará com uma roda de conversa sobre a importância política das mulheres negras das casas de candomblé como elemento fundante do feminismo negro brasileiro. Além da presença da autora da publicação, a atividade terá a participação da yalorixá Mãe Cláudia de Oya e da ativista Zezé Menezes, com mediação da coordenadora de projetos da Fundação Rosa Luxemburgo, Christiane Gomes. A livro terá distribuição gratuita no lançamento que contará também com um pocket show do grupo Ilú Obá de Min. A obra foi editada pela Ogum’s Toques Negros e contou com a parceria da organização BrazilFoundation e agência Asminas.
“É fundamental que a história e o exemplo de Mãe Hilda possam alcançar cada vez mais espaços e ecoe em mentes e corações. Sua trajetória confirma a imensa contribuição que mulheres negras do axé forneceram para a democracia no país. Como disse Angela Davis, são elas as precursoras do feminismo negro no Brasil. Neste sentido, esse registro é imensamente precioso e fundamental. Afinal, nossos passos vêm de longe”, afirma a coordenadora de projetos da Fundação Rosa Luxemburgo, Christiane Gomes.
Mãe Hilda Jitolu, reconhecida por sua dedicação à educação e à preservação da cultura afro, teve sua história meticulosamente capturada por Valéria, que se dedicou em compilar a biografia. Nascida e criada no coração do bairro do Curuzu, a autora do livro teve como inspiração a forte presença de sua avó e a missão educacional que permeou sua vida desde cedo.
“Este livro não é apenas um testamento à vida de Mãe Hilda, mas também um passo necessário para preservar e compartilhar o legado de mulheres negras que moldaram nossa história. É uma honra poder contar a história de minha avó e inspirar futuras gerações a continuar seu trabalho. Ela foi uma figura central não apenas na minha vida, mas na vida de muitos, promovendo liberdade através do conhecimento e da fé. Na luta contra o racismo, contra a intolerância religiosa e todas as formas de discriminação, e na luta pela valorização e reconhecimento das religiões de matriz africana”, relembra Valéria.
Roda de Conversa com:
- Valéria Lima – Jornalista e Mestre em Estudos Étnicos e Africanos. Nasceu no bairro do Curuzu, um dos bairros mais negros da cidade de Salvador. É idealizadora e Diretora-executiva do Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu, atuou em instituições como Instituto Mídia Étnica, Ilê Aiyê e TVE
- Iya Claudia Rosa de Oya – Yalorisá do Ilê Asé Ojù Oyà. Mulher negra, periférica, educadora popular, e ativista LGBTQIAP+. Participa ativamente da Marcha Mulheres Negras SP e do Mulheres de Asé do Brasil. Idealizadora do Samba Muketo em parceria com a Comunidade Ile Asé Oju Oyá, em São Paulo. É uma das escritoras do livro O poder das folhas sagradas (2024 – Editora Imoye)
- Zezé Menezes – Ativista do movimento social negro com atuação especial na luta das mulheres e meninas negras pelos direitos fundamentais. Participou da coordenação do Núcleo de Consciência Negra na USP de 2009 a 2019. É uma das fundadoras da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo. Tem mestrado pela FIOCRUZ e atualmente cursa doutorado na UFABC. Integra a comunidade Ace Jitolu desde 2005, quando recebeu as primeiras obrigações com mãe Hilda Jitolu, mas só em 2011 fez a iniciação religiosa pelas mãos de mãe Hildelice, sucessora de mãe Hilda.
- Mediação: Christiane Gomes – jornalista e coordenadora de projetos da Fundação Rosa Luxemburgo Brasil – Paraguai.
Serviço
O que? Lançamento Mãe da Liberdade: A trajetória da Ialorixá Hilda Jitolu, matriarca do Ilê Aiyê
Quando? 12 de setembro – a partir das 18h30
Onde? Funarte SP – Espaço Waly Salomão – Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos – São Paulo
Pocket show do grupo Ilú Obá de Min
Haverá distribuição gratuita do livro (100 exemplares)