O Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS) promove encontro no Rio de Janeiro para celebrar seus 30 anos e refletir sobre as urgências que se apresentam na conjuntura atual do Brasil e da América Latina
Por Christiane Gomes
Lideranças sociais de todo o país e de diversas regiões da América Latina estiveram no Rio de Janeiro de 9 a 11 de novembro para participar do encontro que celebrou os 30 anos do Instituto PACS – Políticas Alternativas para o Cone Sul, organização que atua junto a movimentos sociais, cooperativas, escolas públicas, entidades de desenvolvimento solidário e comunidades tradicionais.
Nascido em 1986, momento em que o Brasil passava por um processo de redemocratização, o Instituto PACS promoveu uma reflexão sobre a conjuntura atual do país e do cenário de retrocesso no campo dos direitos humanos e da própria democracia que tem marcado tanto o Brasil como outros países da América Latina. A atividade marcou também o lançamento da Revista PACS 30 anos, com reportagens das principais ações da entidade em suas três décadas; e a linha do tempo, disponível no site da organização, onde é possível acessar sua história completa.
Durante três dias, foram debatidas questões como os limites do desenvolvimento e formas alternativas de discuti-lo, novas possibilidades para a luta social e os cenários futuros que se apresentam. “Vivemos um retrocesso brutal e rápido, comprovado pela criminalização das lutas sociais, a militarização. O projeto de país dos últimos anos não radicalizou a democracia e, em detrimento da organização popular, apostou na conciliação de classe. Porém, vemos uma juventude aguerrida, que está ocupando escolas e outros espaços públicos em nome de suas reivindicações, o que traz um importante oxigênio para a luta social. Somos, porque resistimos e existimos”, afirmou Sandra Quintela, coordenadora geral do PACS em sua fala de abertura do encontro.
O evento também homenageou lideranças comunitárias e pessoas que contribuíram para que as ações do PACS fizessem a diferença nos territórios, como o Seu Oseas, pescador de Santa Cruz, zona Oeste do Rio de Janeiro, que teve sua vida brutalmente abalada após a chegada da empresa de siderurgia TKCSA (Thyssenkrupp Companhia Siderurgica do Atlântico) à região. “O PACS chegou a nós quando nós estávamos movendo uma ação contra a TKCSA; essa companhia apareceu prometendo ser um bom vizinho, que ia dar muito emprego, que ia ser isso ou aquilo, e foi tudo ao contrário. Nessa época apareceu o PACS, que nos assessora até hoje, nos ajuda (…) Quando se pensa hoje em reparação de violações contra o povo, pensamos logo em dinheiro. Não é. É muito mais do que isso”, contou Seu Oseas.
Para o próximo período, Sandra Quintela destacou que o desafio do PACS é reafirmar a construção de críticas e alternativas à luz do recrudescimento das violações e dos impactos do desenvolvimentismo para os povos da região. “A nós nos parece que esse elo motor, que dá sentido ao nosso trabalho e incidência política nas últimas três décadas, deve ser trabalhado ao mesmo tempo, seja na dimensão local ou global; seja na crítica ao capitalismo, seja na construção de alternativas a ele”.
Confira abaixo algumas imagens do encontro.