
A campanha Mãos Solidárias recebeu o prêmio do Instituto Pacto contra a Fome, uma iniciativa idealizada por duas agências da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e para Alimentação e Agricultura (FAO). A cerimônia foi realizada no Memorial da América Latina, em São Paulo, no dia 26 de novembro.
A iniciativa contemplada com a honraria é conduzida pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que atua no combate às desigualdades e em favor da vida em territórios da Região Metropolitana do Recife (RMR).
Criada durante a pandemia, a Mãos Solidárias conta com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo. O diretor da Fundação, Andreas Behn, destaca a relevância do trabalho desenvolvido pelo MST.
“O acesso à terra é fundamental para o combate à fome. A mudança do modelo de produção agrícola é essencial para que possamos ter uma produção de alimentos saudáveis e para barrar as mudanças climáticas”, afirma Behn.
O AGRO DESMATA.
OS CAMPONESES PLANTAM!
O prêmio foi entregue a Paulo Mansan, um dos idealizadores da ação e membro da coordenação nacional do MST, ao lado de Fabíola Amaro, integrante do MST e da coordenação do projeto.
“A Fundação Rosa Luxemburgo é uma importante parceira do Mãos Solidárias. A gente vem desenvolvendo processos de acompanhamento das cozinhas, dos bancos populares de alimento, dos roçados solidários, ou seja, uma transição agroecológica para produzir alimentos saudáveis e fazer um enfrentamento às mudanças climáticas. Enquanto o agro desmata, os camponeses plantam”, diz Mansan.
COMBATE À FOME DURANTE A PANDEMIA
O militante conta que as ações se iniciaram logo na primeira semana que se instalaram as medidas restritivas de circulação por conta da pandemia da Covid-19, atendendo em princípio as famílias em situação de rua. Aos poucos dezenas de marmitas tornaram-se milhares, em um trabalho diário feito por militantes e voluntários.
“No início da pandemia, com o lockdown, aqui em Pernambuco, dentro do Armazém do Campo do Recife, a gente criou algo chamado Marmita Solidária, que nós poderíamos dizer que foi o primórdio de tudo. Nos arriscamos dizer, inclusive, de toda a solidariedade nesse período pandêmico do Brasil, não só do MST, mas de várias outras organizações”, afirmou Mansan.
Dados do II Inquérito Nacional da Insegurança Alimentar no Brasil no Contexto da Covid-19 apontam que, no fim de 2020, 19,1 milhões de brasileiros conviviam com a fome. Em 2022, eram 33,1 milhões de pessoas em condições de insegurança alimentar grave. O estudo foi publicado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
A campanha abrange a criação de cozinhas solidárias, bancos de alimentos, hortas comunitárias, farmácias vivas, entre outras ações no combate à fome e ao coronavírus. Também realiza um trabalho de educação popular com a formação de mais de 1.500 Agentes Populares de Saúde nas comunidades periféricas urbanas e rurais.

ALIMENTOS PARA QUEM TEM FOME
Segundo o movimento, o projeto Mãos Solidárias entregou cerca de 1,6 milhão de marmitas apenas na região Metropolitana do Recife nos últimos três anos. Suas ações beneficiam famílias vulneráveis nas cidades Recife, Olinda, Caruaru, Garanhuns, Vitória de Santo Antão, Petrolina, entre outras.
Após a pandemia, as atividades da campanha continuaram na estruturação da organização popular no combate à fome e à insegurança alimentar.
O Pacto Contra a Fome é um movimento suprapartidário e multissetorial que tem como propósito contribuir no combate à fome e na redução do desperdício de alimentos no Brasil.
A meta do projeto é chegar em 2030 sem nenhuma pessoa com fome no país e, em 2040, com toda a nossa população bem alimentada.
*Katarine Flor é coordenadora de comunicação da Fundação Rosa Luxemburgo – Brasil e Paraguai



