O trabalho da opinião pública hoje é mais importante que nunca, não apenas para transformar as descobertas do relatório em oportunidades genuínas, mas também para nos lembrarmos das questões em aberto e lutar para que a verdade não continue sendo mais uma garantia para os criminosos.
Início » »
Pela lembrança, verdade e justiça em Pernambuco
08/10/2015
por
Sara Fremberg

Slider_Ponto_debate 1_Memoria e Verdade em PE_WEB-1Ponto de Debate nº 1 – setembro de 2015


Pela lembrança, verdade e justiça

O trabalho de apuração da ditadura brasileira pela sociedade civil no exemplo do Estado de Pernambuco

Por Sara Fremberg

 

Em dezembro de 2014, com a entrega do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, o Governo Brasileiro assumiu pela primeira vez ampla responsabilidade pelas enormes violações dos direitos humanos que aconteceram durante a ditadura militar (1964—1985). Antes disso, a sociedade civil era quem principalmente trabalhava na apuração histórica e no trabalho de memória e se empenhava na execução jurídica dos responsáveis. Por isso, a admissão oficial da verdade é um passo importante, e já há muito esperado, para o Brasil.

No entanto, a longa lista de recomendações de medidas governamentais necessárias para a apuração da verdade e democratização e a frustração e a impotência da Comissão frente ao sigilo dos arquivos militares mostram que talvez esse processo esteja apenas começando. O trabalho da opinião pública hoje é mais importante que nunca, não apenas para transformar as descobertas do relatório em oportunidades genuínas, mas também para nos lembrarmos das questões em aberto e lutar para que a verdade não continue sendo mais uma garantia para os criminosos.

“É fácil dizer que devemos esquecer tudo em nome da conciliação nacional, enquanto existem tantas famílias que buscam seus filhos sem saber se estão vivos ou onde estão, se estão mortos e em quais cemitérios foram enterrados. Não queremos vingança, mas sim justiça.” – Rosalina Santa Cruz, cujo irmão, Fernando, foi preso em 1974 e desde então está “desaparecido”.

.

* Sara Fremberg é historiadora e jornalista. Trabalha como porta-voz da Anistia Internacional na Alemanha. Durante um ano sabático em 2014, realizou pesquisas na região. Os resultados podem ser lidos em seu blog Memória e Verdade (em português e alemão).

 

.

Ponto_debate 1_Memoria e VerdadeCAPA

Pela lembrança, verdade e justiça
Ponto de debate – Número 1, setembro de 2015
Fazer download do pdf

Autora: Sara Fremberg
Tradução: Petê Rissatti
Projeto Gráfico: Fabiano Battaglia
ISSN 2447-3553

 

.

Ponto de debate é uma publicação editada pela Fundação Rosa Luxemburgo como apoio de fundos do Ministério Federal para a Cooperação econômica da Alemanha (BMZ). Abre espaço para o debate de temas sob a diretriz Bem Viver no Brasil e no Cone Sul: Direitos humanos e da natureza na perspectiva de transformação, justiça social e justiça ambiental.