Nesta terça feira, 23, uma delegação composta pela vice-ministra do trabalho da Alemanha, Anette Kramme, pelo Chefe do Departamento Social da Embaixada alemã em Brasília, Manfred Brinkmann, e pelo cônsul para Assuntos de Política e Imprensa do consulado geral da Alemanha em São Paulo, Simon Preker, conheceu a cozinha solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto no Jardim Iporanga, Grajaú, extremo Sul de São Paulo. A visita foi intermediada pela Fundação Rosa Luxemburgo (FRL), que há vários anos apoia as iniciativas de cozinhas do MTST.
No Brasil no marco das atividades do G20 (que reúne os oito países mais ricos do mundo e 11 países emergentes), cuja cúpula acontece no Rio de Janeiro em novembro deste ano, a vice-ministra está envolvida no subgrupo L20, que trata de temas relacionados ao mundo do trabalho, e buscou junto ao Consulado alemão experiências que dialogam com o combate à desigualdade social. “Foi nesse contexto que fomos procurados, porque a Fundação tem esse trabalho com as cozinhas do MTST. A vice-ministra estava interessada em iniciativas que melhoram a situação social ou de direitos trabalhistas de populações em situação de vulnerabilidade, e suponho que tinha várias opções; mas acabou optando pela cozinha solidária do MTST”, explica Andreas Behn, diretor da FRL.
A primeira cozinha solidária foi feita pelo MTST em março de 2021, a partir da experiência das cozinhas armadas nas ocupações do movimento, explica Debora Lima, responsável pela iniciativa. Naquele ano, diante do aumento do desemprego, da fome e das vulnerabilidades em geral que atingiram as periferias do país em função da Covid 19, distribuir alimentos prontos foi uma das alternativas de combate à fome, avaliou o Movimento. Atualmente, prosseguiu Debora, além de matar a fome de famílias que seguem em situação de insegurança alimentar, as Cozinhas se tornaram centros de formação e atendimento, em áreas como saúde, direitos e debates políticos.
Esta história foi relatada à comitiva alemã no andar superior da associação que recebeu a Cozinha, enquanto no andar de baixo as refeições eram preparadas para a população da comunidade. Na hora do almoço, porém, a vice-ministra deixou um pouco de lado a conversa sobre a situação social do país para ajudar as cozinheiras na distribuição da comida. Quando a fila raleou, ela recebeu o seu prato de comida e subiu novamente para almoçar e finalizar a conversa.
A coordenadora nacional do projeto Cozinha Solidárias do MTST, Ana Paula Ribeiro, explicou que, a partir da destruição das políticas sociais do governo Bolsonaro, a reconstrução de processos que atendam às necessidades básicas da população passou a ser uma pauta importante dos movimentos sociais e da esquerda brasileira. Tanto que o coordenador do movimento e deputado federal pelo PSOL, Guilherme Boulos, aprovou uma lei que transformou as cozinhas solidárias em política pública nacional.
“É importante que esta experiência tenha sido apresentada ao governo alemão”, avalia Andreas Behn, da FRL. “De que forma isso pode evoluir, continua em aberto. O que podemos dizer é que a vice-ministra pareceu ter ficado muito bem impressionada com a experiência e bem satisfeita com a visita”.