O silenciamento histórico imposto pela escravidão, pelo racismo, pelo sexismo e pela desigualdade de classe dificultaram a circulação e acesso ao pensamento de mulheres negras no Brasil. Apesar do conhecimento sobre essas mulheres ter crescido nos últimos anos, persiste um grande desconhecimento das palavras publicadas por e sobre elas.
Com o intuito de contribuir com a circulação desses pensamentos no país, a Fundação Rosa Luxemburgo (FRL) apresenta um bate-papo que tem como ponto de partida a vida de Laudelina de Campos Mello e seu pioneirismo ao discutir as condições de trabalho das empregadas domésticas e articulá-las em torno de seus direitos. Categoria que, segundo dados do Ipea, é formada, majoritariamente, por mulheres negras que tem sua origem em famílias de baixa renda.
A conversa conta com a participação da escritora e jornalista Bianca Santana e da historiadora e ex-empregada doméstica Preta Rara. A mediação é feita pela coordenadora de projetos da FRL Christiane Gomes.
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As participantes discutem sobre como o racismo, o machismo e o pensamento colonial escravocrata, ainda persistem no Brasil, impactando a vida das trabalhadoras domésticas e demonstrando como isso se reflete em tempos da pandemia do COVID19.
Vozes Insurgentes de Mulheres Negras
O vídeo faz parte das atividades ligadas ao livro Vozes Insurgentes de Mulheres Negras, lançado em julho de 2019 pela Fundação Rosa Luxemburgo em parceria com a Mazza Edições.
A obra reúne, em um único volume, vozes de mulheres negras do século XVIII à primeira década do século XXI. “Ler estas mulheres é uma oportunidade de adensar raízes para que a luta das mulheres e o atual feminismo negro brasileiro se expandam com consistência a permanência”, complementa a organizadora da publicação Bianca Santana.
A publicação reúne 24 textos entre artigos, entrevistas e poemas. Entre eles está uma entrevista de Laudelina de Campos Mello concedida a Maria Dutra de Lima, na cidade de Campinas (SP), em 1990.
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Laudelina de Campos Mello
Laudelina foi empregada doméstica. Em 1936, criou a primeira associação de empregadas domésticas do país. A organização foi fechada pelo Estado Novo, reaberta por ela em 1946. Durante a segunda guerra mundial, alistou-se no exército brasileiro. Mello foi militante da Frente Negra Brasileira e depois nas Comunidades Eclesiais de Base.