Rumo a Buenos Aires

Encontro acontece em dezembro, em um momento de plena mudança política na América do Sul em que governos progressistas são substituídos (por vias eleitorais ou rupturas institucionais) por governos liberal-conservadores
14/08/2017
por
Deborah James

A 11ª Conferência Ministerial não ocorre em um momento trivial. Ao contrário, a OMC nunca esteve em situação tão frágil, em especial a partir do momento em que o governo estadunidense sob a gestão de Donald Trump, passou a questionar princípios sedimentados por trinta anos a respeito do livre comércio e do multilateralismo, exatamente as bases sob as quais se assenta a organização

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Por Deborah James, Rebrip

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Depois das Ministeriais de Bali em 2013 e Nairóbi em 2015, onde pela primeira vez desde Hong Kong em 2005 se apontaram algumas conclusões, existe muita expectativa quanto a essa conferência em 2017. A Rebrip acompanhou de perto as duas últimas conferências, e observou uma gradativa mudança de posição do governo do Brasil, em especial desde que um brasileiro, o embaixador Roberto Azevêdo, assumiu a direção geral da OMC em 2013. Em Bali, essa posição passou a ser de certo pragmatismo em apoio ao diretor-geral, contribuindo para que pela primeira vez depois de muito tempo se chegasse a uma conclusão em uma ministerial, com o conteúdo liberal centrado na facilitação de comércio naquela Conferência.

Em Nairóbi, foi ainda mais complicado: o Brasil se distanciou das posições indianas de defesa de estoques agrícolas para alimentação (o eixo Brasil- Índia, tentando equilibrar posições ofensivas da grande agricultura de exportação e posições defensivas da agricultura familiar com prioridade em produtos de alimentação nacionais, foi o pilar fundamental da constituição do G20 da OMC em Cancun).

O fato de que a Ministerial também ocorre na América do Sul, em plena mudança política em que governos progressistas são substituídos por eleição (Argentina) ou rupturas institucionais (Brasil) por governos liberal-conservadores nos últimos anos também sinaliza o tom que esses novos governos querem dar à conferência, reafirmando seus compromissos liberalizantes. É a esta visão que os povos da região e do mundo devem se opor, reafirmando seus compromissos de mais de uma década de oposição frontal à liberalização progressiva preconizada pela OMC.

O objetivo central do material a seguir é localizar as pessoas e movimentos sobre as discussões previstas para a próxima Conferência Ministerial da OMC em Buenos Aires e ajudar a preparar a resistência.

Leia mais:

boletim

RUMO À MINISTERIAL DA OMC EM BUENOS AIRES! (pdf)

São Paulo, agosto de 2017

Foto: Luis Argerich