Em vídeo, Observatório de Remoções ressalta resistências e desafios frente à crise de moradia

Após sucessivos cortes orçamentários em programas de moradia promovidos pelo Governo Federal, o ano de 2022 termina com a explosão da população em situação de rua em São Paulo e demais metrópoles.
20/12/2022
por
FRL

O Brasil atravessa uma das piores crises habitacionais da história. Após sucessivos cortes orçamentários em programas de moradia promovidos pelo Governo Federal, o ano de 2022 termina com a explosão da população em situação de rua em São Paulo e demais metrópoles. A não-política federal agravou um cenário já marcado por despejos e remoções em série, em um contexto em que o déficit habitacional afeta principalmente as mulheres.

Confira o vídeo de seminário realizado pelo Observatório das Remoções

A resistência de movimentos sociais e desafios frente à gravidade da situação são temas de um vídeo produzido no marco dos dez anos de existência do Observatório de Remoções, celebrados no seminário “Dez anos do Observatório de Remoções: balanços, desafios e perspectivas”, em 14 de maio de 2022 na Casa do Povo, em São Paulo. O curta, que tem 11 minutos, é composto por imagens históricas, depoimentos e música, com um roteiro bem amarrado e uma produção de alta qualidade técnica.

Na sequência de imagens, os pesquisadores e representantes de movimento social se intercalam falando sobre a crise atual de moradia, as mobilizações e articulações de resistência e também o viés racista das remoções em curso. “Quem está sendo removido?”, questiona a pesquisadora Gisele Brito, jornalista, mestra em Planejamento Urbano e militante da Uneafro Brasil, atualmente coordenadora de projetos no Intituto de Referência Negra Peregum. “A gente já sabe que é a população periférica, a população pobre. Precisamos colocar em dados aquilo que a gente sabe empiricamente: que essa população é negra. O projeto de remoção, de ‘limpeza da cidade tem cor’ e está direcionada a uma população e a seus modos de vida”.

O vídeo resgata temas que foram discutidos no evento, entre os quais: o que mudou nessa década na constituição de ameaças e nas resistências contra as remoções; os desafios atuais das lutas pelo direito à moradia, as ocupações; e as políticas públicas que incidem sobre estes processos; e o papel da cartografia e acompanhamento do Observatório de Remoções. O grupo, hoje composto por pesquisadores da FAU-USP, UNIFESP e UFABC, acompanhou a evolução das remoções na Região Metropolitana de São Paulo ao longo dos últimos dez anos procurando registrar, mapear, refletir e incidir sobre territórios populares ameaçados, esempre atuando em colaboração com os atingidos e organizações de defesa do direito à moradia. 

Tanto o evento de celebração dos dez anos, quanto o vídeo foram produzidos com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo em parceria com o Instituto Pólis.