Transição energética justa

Estudo indica risco de modernização conservadora em transição energética no transporte

Estudo inédito aponta possibilidades e desafios para transição energética justa no setor de transporte público coletivo. Confira vídeo de lançamento e baixe a publicação

O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) apresentou nesta quinta-feira, 25 de agosto, o estudo “Perspectivas da Transição Energética Justa no Transporte Público Coletivo”, que aborda as possibilidades, perspectivas e desafios para a transição energética na mobilidade urbana no transporte público coletivo no Brasil. O estudo foi realizado com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo e está disponível de maneira livre em edição digital.

O estudo está disponível para download gratuito.

A apresentação do estudo foi realizada Renato Boareto, consultor em mobilidade e responsável pelo levantamento. “A transição energética é uma necessidade, é importante e fundamental que se incorpore isso na política de mobilidade urbana, mas há desafios econômicos e políticos que devem ser enfrentados para resolver problemas estruturais. E essa discussão sobre crise estrutural e a transição energética tem que ser pautada por essa ampliação de direitos, pela a ampliação da acessibilidade considerando que é um serviço essencial e um direito social conforme o Artigo 6 da Constituição Federal”, defendeu o autor.

“Essa discussão sobre novas formas de custeio que viabilize a transição energética é a oportunidade inclusive para reversão do modelo de mobilidade baseada no transporte individual. O pior equivoco que nós podemos fazer enquanto sociedade é investirmos na eletrificação, na transição energética do transporte individual. Aí nos teremos o que a gente chama da modernização conservadora. Você vai colocar recursos para limpar o modelo de mobilidade que ele traz hoje muita inequidade, ele priva as pessoas de acessibilidade, principalmente as de mais baixa renda. É importante reverter esse modelo, fazendo a transição energética de maneira justa. Sociedades que enfrentaram esse problema são as que mais se desenvolvem”, complementou.

O encontro contou com participação também de Cleo Manhas, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), e de Paulo Guimarães, ex-secretário de Mobilidade Urbana de São José dos Campos (SP), além de mediação de Ísis Nóbile Diniz, comunicadora do IEMA, e falas de abertura de André Luís Ferreira, diretor-presidente do IEMA, e Daniel Santini, da Fundação Rosa Luxemburgo. O evento foi transmitido no canal do YouTube do IEMA.

A apresentação e a publicação são parte de um projeto que dá continuidade ao estudo realizado em 2021 intitulado “Transição da indústria automotiva brasileira: desafios e perspectivas para uma conversão alinhada à mobilidade inclusiva e de baixas emissões”. O estudo anterior apontou o risco de as mudanças em curso elitizarem ainda mais o acesso aos automóveis e agravarem desigualdade social no país, e fez parte de um levantamento internacional coordenado pelo escritório de Bruxelas da Fundação Rosa Luxemburgo, esforço que resultou no livro The Need for Transformation – Current Challenges for the International Automotive Sector, disponível em inglês.