Campanha global propõe corte coordenado nos gastos militares para investir em justiça social, climática e segurança humana
10% pela vida: menos armas, mais futuro
19/05/2025
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A campanha “10% pela Vida” será oficialmente lançada no próximo dia 23 de maio, com um apelo global por uma nova forma de entender e praticar segurança: desinvestindo na destruição e investindo no cuidado com a vida e o planeta. A proposta central é clara e ousada — reduzir em pelo menos 10% os gastos militares globais e redirecionar esses recursos para áreas fundamentais como saúde, educação, justiça climática e bem-estar social. O evento de lançamento, realizado em formato de webinar público, reunirá especialistas internacionais para debater os custos humanos, sociais e ambientais do militarismo, além de apresentar alternativas viáveis e urgentes para um futuro baseado em segurança humana e cooperação global.

A campanha se fundamenta na ideia de que mais armas não significam mais segurança e que os recursos atualmente investidos em destruição podem e devem ser realocados para proteger a vida. Com tradução simultânea em três idiomas e presença de vozes diversas, o lançamento será uma oportunidade de articulação internacional para transformar o sistema financeiro e político que sustenta o militarismo. Para participar, inscreva-se aqui!

A crise global dos gastos militares

Em 2024, o mundo destinou a cifra inédita de US$ 2,718 trilhões aos orçamentos militares — o equivalente à soma dos orçamentos de África do Sul, Canadá, Brasil e Índia. Esse valor representa o maior gasto já registrado, um aumento de 9,4% em relação a 2023, superando até mesmo os níveis da Guerra Fria.

Enquanto isso, múltiplas crises se agravam: a fome continua matando milhões, a emergência climática se intensifica e a segurança humana segue frágil. O mundo também enfrenta o agravamento da crise de refugiados, a ascensão do autoritarismo e o aprofundamento das desigualdades globais, ameaças diretas à estabilidade das sociedades.

Nossa proposta: cortar 10% dos gastos militares

Defendemos uma proposta simples, mas transformadora: redução coordenada de 10% nos orçamentos militares globais. Não se trata de enfraquecer a segurança nacional, mas de redefini-la. Se cada país cortar 10% de seus gastos militares, nenhuma nação perderá poder relativo, mas interromperemos a corrida armamentista.

Esse corte anual liberaria cerca de US$ 271 bilhões — valor suficiente para erradicar a fome no mundo, cobrir metade do financiamento climático necessário no Sul Global e investir em saúde, educação, infraestrutura e bem-estar social, segundo prioridades locais.

Movimentos ao redor do mundo já lutam por isso em seus contextos locais e regionais. Esta campanha visa ampliar essas iniciativas, por meio de tratados multilaterais e regionais. Inspirados por modelos como os Tratados de Zonas Livres de Armas Nucleares — com acordos firmados na América Latina, Caribe, Oceania, Sudeste Asiático, África e Ásia Central — propomos:

  • Acordos de cooperação regional
  • Tratados bilaterais entre países vizinhos
  • Negociações multilaterais em estruturas internacionais existentes

Tais medidas podem gerar impulso, fortalecer a confiança e demonstrar a viabilidade da redução dos gastos militares.

Reivindicamos não apenas cortes, mas realocação dos recursos: metade das economias deve ser investida em prioridades sociais internas e a outra metade em prioridades globais.

Reparar danos históricos

As nações mais ricas concentram a maior parte dos gastos militares. Em 2024, os países da Otan responderam por 55% do total global, com os Estados Unidos sozinhos somando 37%. Enquanto esses gastos crescem, recursos para ajuda humanitária, desenvolvimento e financiamento climático são cortados, agravando as desigualdades.

Uma abordagem justa à segurança e ao uso de recursos requer o reconhecimento da responsabilidade histórica desses países e ações concretas de reparação — especialmente para as nações mais afetadas pelo militarismo. Destinar parte das economias militares a prioridades globais é um passo nesse caminho.

Por uma nova visão de segurança

O modelo atual, baseado em segurança militarizada, fracassou. Em 2024, 9 milhões morreram de fome, frente a 233 mil mortes em conflitos armados. As concepções dominantes de segurança ignoram a insegurança provocada pela falta de acesso à terra, alimentos, saúde, moradia e trabalho. Essa insegurança mata mais do que as guerras.

Mais armas não garantem mais segurança. A verdadeira segurança vem de soluções diplomáticas, prevenção e resolução pacífica de conflitos, justiça climática, equidade no acesso à terra e investimento no bem-estar humano.

Um movimento global, uma visão comum

A campanha 10% para Todos é mais do que uma proposta política — é uma visão compartilhada de futuro. Atuando além das fronteiras, por meio da cooperação e da construção de confiança, podemos criar um mundo que priorize a vida, a sustentabilidade ambiental e a segurança real.

Participe

Junte-se à nossa rede internacional. Organize campanhas locais, pressione autoridades, promova acordos regionais, divulgue dados sobre o impacto dos gastos militares e conscientize sobre alternativas de segurança.

Vamos dar um passo rumo a um mundo mais pacífico.

Conheça o site oficial da campanha:

10% for All – An international call to reduce military spending

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