A Fundação Rosa Luxemburgo e o Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu promovem, neste mês de maio, duas atividades de lançamento da publicação Mãe da Liberdade: A trajetória da Ialorixá Hilda Jitolu, matriarca do Ilê Aiyê. A obra narra a vida da líder religiosa que, além de fundar um dos mais renomados terreiros de candomblé da Bahia — o Acé Jitolu —, também contribuiu para a criação do primeiro bloco afro do Brasil, o Ilê Aiyê, e foi uma grande incentivadora da educação do povo negro e periférico. Os eventos contam com a parceria da Casa das Pretas e do Quilombo Urbano Agbara Dudu, que recebem as atividades em suas sedes nos dias 16 e 17 de maio, respectivamente.
“Em 1988, quando uma educação afrocentrada ou antirracista ainda não estava no imaginário brasileiro, uma mulher preta que nunca frequentou a escola abriu sua casa, em Salvador (BA), para educar crianças e adolescentes gratuitamente”, escreveu a jornalista e escritora Bianca Santana.
A publicação é resultado de uma pesquisa conduzida entre 2012 e 2014, como parte do mestrado em Estudos Étnicos e Africanos da jornalista Valéria Lima, neta da Ialorixá e diretora-executiva do Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu. Os eventos contarão com rodas de conversa sobre a importância política das mulheres negras das casas de candomblé como elemento fundante do feminismo negro brasileiro e da democracia no país.
Além da presença da autora nas atividades, participarão: Iya Wanda de Omolu, agitadora cultural, contracolonial, antirracista e fundadora do Centro de Tradições Egi Omin; e Edmiere Exaltação, socióloga, mestra em Ciências Sociais e diretora-executiva do Instituto Casa das Pretas. Já no Quilombo Urbano Agbara Dudu, a roda de conversa contará com as mestras Alcinea Ferreira Martins, fundadora do Grupo Afro Agbara Dudu, cantora e compositora; Edna Maria Alfredo, fundadora do Agbara Dudu, diretora, produtora cultural e cantora; e a Ialorixá Mãe Marlene de Oxum.
O livro, editado pela Ogum’s Toques Negros em parceria com a organização BrazilFoundation, terá distribuição gratuita durante os dois eventos.
“É fundamental que a história e o exemplo de Mãe Hilda possam alcançar cada vez mais espaços e ecoem em mentes e corações. Sua trajetória confirma a imensa contribuição das mulheres negras do axé para a democracia no país. Como disse Angela Davis, são elas as precursoras do feminismo negro no Brasil. Nesse sentido, este registro é imensamente precioso e fundamental. Afinal, nossos passos vêm de longe”, afirma Christiane Gomes, coordenadora de projetos da Fundação Rosa Luxemburgo.
Mãe Hilda Jitolu, reconhecida por sua dedicação à educação e à preservação da cultura afro-brasileira, teve sua história meticulosamente registrada por Valéria, que se dedicou a compilar sua biografia. Nascida e criada no coração do bairro do Curuzu, a autora inspirou-se na forte presença da avó e na missão educacional que permeou sua vida desde cedo.
“Este livro não é apenas um testamento à vida de Mãe Hilda, mas também um passo necessário para preservar e compartilhar o legado de mulheres negras que moldaram nossa história. É uma honra poder contar a história de minha avó e inspirar futuras gerações a continuar seu trabalho. Ela foi uma figura central não apenas na minha vida, mas na vida de muitos, promovendo liberdade por meio do conhecimento e da fé — na luta contra o racismo, a intolerância religiosa e todas as formas de discriminação, e pela valorização das religiões de matriz africana”, relembra Valéria.
Lançamentos de Mãe da Liberdade: A trajetória da Ialorixá Hilda Jitolu, matriarca do Ilê Aiyê
- 16 de maio de 2025 – a partir das 19h
Casa das Pretas – Rua dos Inválidos, 122 – Lapa - 17 de maio de 2025 – a partir das 16h
Sede do Quilombo Urbano Agbara Dudu – Rua Sérgio de Oliveira, 4 – Osvaldo Cruz
Haverá distribuição gratuita da publicação nos dois eventos.