CADEIAS DE VALOR

Conferência internacional discute transição justa na indústria automotiva

A indústria automotiva – transição justa e o desenvolvimento de alternativas nas cadeias globais de valor
A indústria automotiva – transição justa e o desenvolvimento de alternativas nas cadeias globais de valor

O escritório de Bruxelas da Fundação Rosa Luxemburgo realizou a conferência internacional “A indústria automotiva – transição justa e o desenvolvimento de alternativas nas cadeias globais de valor”. O encontro debateu a transformação da indústria automotival internacional e a criação de empregos alternativos na UE e outras regiões do mundo. A atividade foi realizada em junho e contou com a participação de sindicalistas, acadêmicos e ativistas da transição dos transportes da Europa e do Brasil.

CADEIAS DE VALOR INTERNACIONAL

O painel que discutiu a produção alternativa em cadeias de valor internacionais contou com a participação de David Shiling Tsai e Renato Boareto, do IEMA, que apresentaram resultados de estudos recentes sobre transição enérgica justa no setor automotivo e no transporte coletivo, realizados com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo no Brasil.

LEIA E BAIXE OS ESTUDOS
Transição da indústria automotiva brasileira
Perspectivas da Transição Energética Justa no Transporte Público Coletivo

Eles destacaram que a produção de carros no Brasil está nas mãos de corporações internacionais dos EUA, Europa, Japão, Coréia e China. Também apontaram que a produção de ônibus hoje é dominada por empresas europeias e que, desde 2015, houve um declínio no poder de compra local afetando diretamente o setor. Em pelo menos 14 localidades, unidades industriais tiveram que fechar ou pelo menos reduzir drasticamente sua produção. 

Just Transition
Confira o álbum de fotos da conferência

CARROS ELÉTRICOS

Além disso, não há estratégia para a indústria local mudar para carros elétricos, o foco é apenas em híbridos plug-in. A produção local de ônibus, que é muito relevante para o mercado sul-americano, agora enfrenta grandes desafios devido à mudança para ônibus elétricos, porque aqui também não há medidas de política industrial coordenadas por parte do governo. 

A redução das tarifas de importação de ônibus elétricos também não ajuda, mas só piora a situação, para que os trabalhadores saiam às ruas contra a introdução de ônibus elétricos e por melhores condições de trabalho. 

ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO

De acordo com as análises apresentadas, a perspectiva é que o próximo Acordo de Livre Comércio UE-Mercosul levará à desindustrialização no Brasil, uma vez que se concentra unilateralmente no setor agrícola brasileiro.  Desde 2016, os direitos dos trabalhadores estão sob crescente ataque, agravando a crise social. O novo governo deve, portanto, investir somas relevantes na expansão do transporte público e no fortalecimento da produção local. 

É importante estabelecer a mobilidade como um direito, como o movimento Tarifa Zero vem exigindo há vários anos. Isso requer uma expansão maciça da infraestrutura e uma política nacional unificada.

Leia o texto completo em inglês e em alemão.