Indígenas contra a PEC 215

Um grupo de cerca de 200 indígenas Kayapó, do Pará, e de diversos povos do Parque Indígena do Xingu (MT) protestou ontem (17/11) na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, em Brasília, contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215.
25/11/2015
por
Oswaldo Braga de Souza

2015-11-18_marcha-contra-PEC215_Oswaldo-Braga-de-Souza-ISA-2 Por Oswaldo Braga de Souza, ISA

Um grupo de cerca de 200 indígenas Kayapó, do Pará, e de diversos povos do Parque Indígena do Xingu (MT) protestou ontem (17/11) na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, em Brasília, contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215, que dá ao Congresso a última palavra sobre os limites de Terras Indígenas, Unidades de Conservação e quilombos. Se aprovado pelo Congresso, o projeto irá paralisar de vez a oficialização dessas áreas protegidas.

A PEC foi aprovada numa Comissão Especial da Câmara, no final de outubro, e pode ser votada no plenário a qualquer momento.

Dentro do Congresso, uma comitiva de 30 líderes indígenas foi recebida por parlamentares e realizou um pequeno ato no Salão Verde da Câmara, em frente ao plenário, onde circulam parlamentares e jornalistas.

“Projetos como este não são bons nem para os povos indígenas nem para os brancos, pois pretendem destruir o meio ambiente”, afirmou o cacique Raoni Metukire Kayapó. “Não entendo porque não somos consultados sobre medidas que nos afetam”. Raoni afirmou que os povos indígenas vão reagir se a PEC for aprovada.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e os deputados Nilto Tatto (PT-SP), Érica Kokay (PT-DF), Alessandro Molon (Rede-RJ), Wadih Damous (PT-RJ), Paulo Pimenta (PT-RS) e Valtenir Pereira (Pros-MT) participaram do ato.

Também hoje foi divulgado um manifesto de mais de 130 organizações da sociedade civil e movimentos sociais contra a PEC. “A eventual aprovação desta PEC representaria um retrocesso sem precedentes na nossa história recente e um obstáculo adicional para a efetividade de direitos determinados pela Constituição. Levaria à virtual paralisação dos processos administrativos de materialização desses direitos. Com isso, ficariam agravados e pendentes de solução os conflitos atualmente existentes, gerando outros, tanto no campo como nos embates jurídicos que se perpetuam no Judiciário e no Executivo”, afirma o documento.

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Nas últimas semanas, as mobilizações indígenas contra o projeto aumentaram. Nas últimas duas semanas, outros grupos de Kayapó já haviam se manifestado em Brasília. Também foram registrados trancamentos de rodovias em vários pontos do país.