Rosa Luxemburgo, uma discípula de Marx que ousava criticar Marx

Paul Singer fala sobre sua formação política, as suas atividades durante a ditadura, a teoria do imperialismo de Rosa Luxemburgo, a economia solidária...
17/04/2018
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Entrevista por Isabel Loureiro, Marcos Barbosa, Danilo César e Nicolau Bruno

Em homenagem ao nosso companheiro Paul Singer, falecido ontem, republicamos uma belíssima entrevista feita com ele, em 2008

Por Isabel Loureiro, Marcos Barbosa de Oliveira, Danilo César e Nicolau Bruno*

Isabel Loureiro – Nossa primeira pergunta é sobre a recepção de Rosa Luxemburgo no Brasil. Mário Pedrosa e você foram considerados os primeiros luxemburguistas brasileiros. Depois de vocês, veio Michael Löwy, são os três mais importantes. A primeira coisa que eu gostaria de saber é o que Rosa Luxemburgo significou para você e para sua geração de socialistas. E se você concorda com Michael Löwy, segundo o qual existia na cultura da esquerda brasileira uma corrente luxemburguista subterrânea que veio a desaguar no início do PT.

Paul Singer Foto: Gerhard Dilger

Paul Singer em 2015

Paul Singer – Eu tomei conhecimento que existia Rosa Luxemburgo, que foi uma figura importante do movimento operário, através de Mário Pedrosa, creio que nas páginas da Vanguarda Socialista, se bem me lembro. Isso é uma história de mais de sessenta anos atrás e minha memória já não é o que deveria ser. Mas acho que foi ele… A Vanguarda não era luxemburguista, tinha um espectro mais amplo, mas era, vamos dizer, socialista-marxista, bastante antistalinista, crítica também do trotskismo, do bolchevismo. É uma posição que realmente dava para justificar como luxemburguista.

O ponto que nos atraiu a todos foi o radicalismo de Rosa de um lado, e sua profunda rejeição à ditadura burocrática do outro. Que ficou evidente em um texto que ela nunca publicou, mas que depois Paul Levi divulgou. E transformou-se em uma das coisas mais importantes que ela fez. Nesse texto ela uniu uma posição socialista-democrática e uma crítica à Revolução Russa, já em 1918, praticamente nos primeiros meses da revolução – ela mostrou-se brilhante, porque tudo aquilo que ela apontou se agravou ao longo das décadas e deu hoje no que deu. Nós começamos a ler Rosa Luxemburgo, primeiro essa crítica à Revolução Russa, em seguida Reforma ou Revolução?, que foi traduzido para o português e que despertou nosso entusiasmo. Foi um dos livros de cabeceira, um dos livros fundamentais para a formação de certos militantes de esquerda.

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Paul Singer – uma lucidez solidária e futurante, por Ruy Namorado

 

*publicada em: Isabel Loureiro (org.), Socialismo ou barbárie – Rosa Luxemburgo no Brasil, Entrevistas com Paul Singer, Michael Löwy, Angela Mendes de Almeida, Isabel Loureiro, Gilmar Mauro e Paulo Arantes, 2ª edição, São Paulo, Fundação Rosa Luxemburgo, 2009.

Foto: Gerhard Dilger