Estudo Agrotóxicos da Bayer e BASF: dois pesos e duas medidas

As duas empresas desenvolvem e colocam no mercado ingredientes ativos de pesticidas altamente perigosos que prejudicam a saúde da/os trabalhadora/es agrícolas e agricultora/es no Brasil, México e África do Sul.
05/07/2021
por
FRL –

Um olhar por dentro dos bastidores do comércio internacional de ingredientes ativos de pesticidas

As duas empresas agroquímicas alemãs desenvolvem e colocam no mercado ingredientes ativos de pesticidas altamente perigosos que prejudicam a saúde da/os trabalhadora/es agrícolas e agricultora/es no Brasil, México e África do Sul.

Foto: Reginaldo Teodoro de Souza/Embrapa
Foto: Reginaldo Teodoro de Souza/Embrapa

Neste estudo, a Fundação Rosa Luxemburgo, a INKOTA-netzwerk e a PAN Alemanha demonstram que as empresas alemãs Bayer e a BASF são responsáveis pela comercialização – e, em alguns casos, pelo desenvolvimento – de pelo menos 33 ingredientes ativos de pesticidas que representam uma ameaça grave à saúde humana. Muitos desses ingredientes ativos são letais mesmo em baixas doses, e outros são considerados potencialmente cancerígenos, mutagênicos ou reprotóxicos. No Brasil, México e África do Sul, pelo menos oito desses princípios ativos podem ser encontrados nos catálogos de agrotóxicos das duas empresas. Entre eles estão o glufosinato e o espirodiclofeno.

Na África do Sul, as duas empresas agroquímicas alemãs comercializam um total de seis ingredientes ativos em seus próprios agrotóxicos, cujo uso é proibido na UE devido aos graves riscos à saúde. No Brasil, há sete, e no México, cinco ingredientes ativos presentes nos produtos da Bayer e da BASF.

Agricultora/es e trabalhadora/es rurais no Sul Global pagam um alto preço por isso. Em fazendas de vinho na província de Western Cape, na África do Sul, o inseticida Tempo SC da Bayer é usado em grande escala. Ele contém o ingrediente ativo altamente perigoso beta-ciflutrina, que é letal mesmo em pequenas doses. Em algumas fazendas, as/os trabalhadora/es rurais são mandados para os vinhedos enquanto esses pesticidas altamente perigosos são pulverizados e aplicados nos campos.

Embora a Bayer tenha assumido o compromisso público em 2013 de deixar de comercializar princípios ativos de alta toxicidade aguda (OMS Classes 1A / 1B), isso continua acontecendo. A Bayer fornece ao Brasil, entre outros, o princípio ativo fenamifós, que é processado no país por outra empresa e comercializada como NEMACUR.

Apesar da grande falta de transparência no mercado internacional de pesticidas, as/os autoras/es do estudo conseguiram comprovar a comercialização encoberta de produtos extremamente tóxicos da Bayer, através do exemplo do fenamifós. Embora a empresa não venda diretamente nenhum agrotóxico contendo o ingrediente ativo no país, este chega ao mercado brasileiro por meio de pesticidas de outros fabricantes.

Para acabar com os padrões duplos do comércio internacional de ingredientes ativos de agrotóxicos, é preciso haver, entre outras coisas, uma proibição global da produção, armazenamento e comércio de ingredientes ativos de pesticidas altamente perigosos.

Agrotóxicos da Bayer e BASF: dois pesos e duas medidas

O objetivo deste estudo é analisar mais de perto o comércio mundial de ingredientes ativos agrotóxicos proibidos na UE, usando o exemplo dos fabricantes alemães Bayer e BASF.

Agrotóxicos da Bayer e BASF: dois pesos e duas medidas é um estudo conjunto da Fundação Rosa Luxemburgo, da INKOTA-netzwerk e da PAN Alemanha.