Jean Jaurès, o socialista

O perfil de Jean Jaurès escrito por Stefan Zweig. Contra o pacifista levantaram-se os conservadores, xenófobos, militaristas, monarquistas e clericais.
13/07/2015
por
introduzido por Alberto Dines

por Stefan Zweig

 

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Jean Jaurès (1859 – 1914)

 

 

Introdução

por Alberto Dines

A responsável pelo encontro não foi a vontade, mas a causalidade – designada miticamente como Destino. Viviam em mundos separados, seus países se encontravam em rota de colisão, nada sugeria pontes, aproximação. Zweig viu-o uma vez na rua, num fim de tarde em Paris, e de outra vez, também na capital francesa, esteve ao seu lado algumas horas numa reunião em casa de amigos comuns (provavelmente o círculo do gravador Leon Bazalgette).

O convívio com o belga Émile Verhaeren convertera o esteta vienense Stefan Zweig num caçador de utopias e aquele tribuno que empolgava as multidões na França encarnava uma delas: o socialismo democrático e humanitário. Antes mesmo de fundar o jornal L’Humanité, Jean Jaurès (1859-1914) destacara-se como dreyfusard, militante do movimento pela reabilitação do capitão judeu Alfred Dreyfus.

Os marxistas ortodoxos entendiam que defender um militar burguês não era prioritário, Jaurès retrucava que Dreyfus fora vítima de uma tremenda injustiça e o papel dos socialistas era lutar contra todas as injustiças.

Quando a guerra parecia inevitável conclamou os partidos socialistas europeus a colocaram-se a favor da paz porque operários, camponeses e mineiros são os principais fornecedores de carne para os canhões. “Construir escolas significa derrubar os muros das prisões”, proclamava nos comícios.

Contra Jaurès levantaram-se os conservadores, xenófobos, militaristas, monarquistas e clericais. Na noite de 31 de julho de 1914, depois de fechar a edição do L’Humanité, Jaurès foi ao bistrô Le Croissant, em Montmartre, e enquanto deleitava-se com uma torta de morangos foi assassinado com dois tiros por um nacionalista que considerava a guerra como a única solução para a recuperar a querida Alsácia.

Na véspera do enterro de Jaurès, a Alemanha formalizou as hostilidades contra a França. Começara efetivamente a Grande Guerra (1914-18). Dois anos depois, 6 de agosto de 1916, integralmente comprometido com a causa pacifista, Stefan Zweig escreveu este perfil do “inimigo” Jean Jaurès no jornal Neue Freie Presse.

 

 

Leia aqui o perfil Jean Jaurès, o socialista (pdf), escrito por Stefan Zweig.

Tradução: Kristina Michahelles

Os textos foram retirados de O mundo insone e outros ensaios, Ed. Zahar, Rio de Janeiro, 2013.

Na quinta-feira, 16/7/2015, Alberto Dines e Kristina Michahelles participam dos lançamentos dos livros O mundo de ontem – memórias de um europeu e A rede de amigos de Stefan Zweig: sua última agenda, 1940-1942 no auditório da Fundação Rosa Luxemburgo com o apoio do Goethe-Institut São Paulo.